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‘Pequeno Segredo’ supera ‘Aquarius’ e vai representar Brasil no Oscar

Depois de muita discussão, «Pequeno Segredo», do diretor David Schurmann, ganhou o direito de representar o Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12) na Sala Cinemateca, em São Paulo. Havia uma expectativa de que «Aquarius», de Kleber Mendonça Filho, fosse o longa escolhido.

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Para chegar entre os cinco finalistas que disputam o prêmio mais importante do cinema, porém, o filme ainda precisa passar por outro processo seletivo realizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Até o final do ano acontece uma pré-seleção com nove longas. Desta lista sai o top 5, anunciado com os outros indicados.

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«Pequeno Segredo» conta a história por trás da adoção de Kat, da famosa família Schurmann, conhecida por ter viajado ao redor do planeta em um veleiro. Com Júlia Lemmertz, Marcello Antony e Maria Flor no elenco, o longa estreia no circuito comercial em 10 de novembro.

«Obrigado a todos os que acreditam nesse filme! Meu profundo respeito a todos os maravilhosos filmes inscritos. Tenham certeza que faremos de tudo e não economizaremos energias para representar nosso país na premiação do Oscar 2017. Obrigado, Obrigado obrigado!», escrevei David Schurmann em seu perfil no Facebook logo após o anúncio.

Apesar de todo burburinho em torno de «Aquarius», que é estrelado por Sonia Braga, muitos acreditavam que o longa de David Schurmann (nome por trás do documentário «O Mundo em Duas Voltas», de 2007) tinha uma história mais palatável ao gosto da Academia.

Kleber Mendonça Filho tentava chegar pela segunda vez à disputa. Em 2013, o seu «O Som ao Redor» foi o selecionado.

Em 2014, o filme escolhido foi «Hoje Eu Quero Voltar Sozinho», de Daniel Ribeiro, e no ano passado o representante foi «Que Horas Ela Volta?», de Anna Muylaert. O último brasileiro a conseguir a vaga foi «Central do Brasil» (1998).

Disputa polêmica
Em uma disputa marcada pela política fora das telas, «Aquarius» foi protagonista desde sua exibição no Festival de Cannes, em maio, quando diretor e parte do elenco fizeram protesto contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Depois, quando a comissão para escolher o indicado foi formada, estava presente entre os jurados o crítico Marcos Petrucelli, que havia abertamente sido contra o protesto anti-impeachment no evento francês. Parte da classe cinematográfica acreditava que a opinião política de Petrucelli poderia influenciar a indicação.

Para apoiar «Aquarius», alguns diretores/produtores chegaram a retirar a candidatura de seus filmes, como «Mãe Só Há Uma», de Anna Muylaert, «Boi Neon», de Gabriel Mascaro, e «Para Minha Amada Morta», de Aly Muritiba. Além disso, dois integrantes da comissão pediram para sair do júri: o produtor e diretor Guilherme Fiuza e a atriz Ingra Liberato –foram substituídos pelo diretor Bruno Barreto e a atriz/diretora Carla Camurati.

Após dez dias em cartaz no Brasil, «Aquarius» já ultrapassou 100 mil espectadores, público considerado muito bom para um filme considerado do «circuito de arte».

Além de «Aquarius» e «Pequeno Segredo», outros 14 filmes disputavam a indicação:

– «Até que a Casa Caia», de Mauro Giuntini;
– «A Bruta Flor do Querer», de Andradina Azevedo e Dida Andrade;
– «Campo Grande», de Sandra Kogut;
– «Chatô – O Rei do Brasil», de Guilherme Fontes;
– «O Começo da Vida», de Estela Renner;
– «A Despedida», de Marcelo Galvão;
– «Uma Loucura de Mulher», de Marcus Ligocki Júnior;
– «Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo«, de Afonso Poyart;
– «Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil», de José Belisario Cabo Penna Franca;
– «Nise – O Coração da Loucura», de Roberto Berliner;
– «O Outro Lado do Paraíso», de André Ristum;
– «O Roubo da Taça», de Caíto Ortiz
– «Tudo que Aprendemos Juntos», de Sérgio Machado;
– «Vidas Partidas», de Marcos Schetchman

Brasil no Oscar
Apenas cinco longas brasileiros disputaram a final do Oscar de filme estrangeiro: «O Pagador de Promessas», em 1963, «O Quatrilho», em 1996, «O que É Isso, Companheiro?», em 1998, e «Central do Brasil», em 1999. O país nunca venceu na categoria.

Outros filmes participaram de outras categorias, como o curta «Uma História de Futebol», 2001, ou a animação «O Menino e o Mundo», na premiação deste ano.

O brasileiro que chegou mais longe no Oscar foi «Cidade de Deus», nomeado para quatro estatuetas em 2004: direção (Fernando Meirelles), fotografia, roteiro adaptado e edição.

Assista ao trailer do filme:

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