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‘Protesto tocou em um nervo’, afirma diretor de ‘Aquarius’

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Há quem ame, há quem odeie, mas “Aquarius” é um sucesso incontestável para um filme “de arte” nacional, tendo somando mais de cem mil espectadores em sua primeira semana de exibição. Parte disso se deve à intensa presença midiática obtida pelo longa a partir de uma série de polêmicas, a começar pelo protesto da equipe do filme, contrária ao impeachment de Dilma Rousseff, no tapete vermelho de Cannes.

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“Aquarius” narra a história de uma jornalista aposentada (Sonia Braga) que dribla o assédio de uma construtora para seguir no apartamento onde criou os filhos. O filme pode ser o concorrente brasileiro a uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro – o anúncio será feito hoje.

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Nesta entrevista, o diretor Kleber Mendonça Filho fala sobre os trunfos da produção, o protesto e a elogiada atuação de Braga.

Como surgiu “Aquarius”?
Muitos filmes de Recife nos últimos anos têm tratado do caos do espaço urbano. “O Som ao Redor” (2012) já tinha uma cena de uma casa prestes a ser demolida e meus curtas também discutiram isso. Existe uma falta de senso comunitário e humano na cidade, tudo parece estar nas mãos do mercado. Isso tudo me levou até “Aquarius”.

O filme mostra a relação de personagens com objetos. O que o levou a tratar disso?
Eu tenho um interesse por história e por arquivos. Não exatamente papéis guardados, mas tudo que temos. Fotos, discos, coisas que ganhamos. Tudo é prova da existência humana. Objetos são apenas objetos, mas a grande questão é: o que você coloca nesses objetos, que valor você dá a eles e como coloca sua própria história em cada coisa? E isso fala um pouco sobre como é a vida. Então, eu acho que esses objetos, que no filme podem ser uma cômoda, o edifício e até o corpo de Clara (Sonia Braga), são marcados pelo tempo e têm uma história.

Você sempre pensou na Sonia Braga para o filme?
Só com o roteiro pronto começamos a pensar em quem faria a Clara. A primeira pessoa que veio à tona foi ela. Mandamos o roteiro e tivemos a resposta em menos 48 horas. Houve uma ligação rápida entre as duas partes, o que é algo muito especial.

Você acha que o protesto em Cannes contra o impeachment influencia na repercussão do filme?
O protesto foi um ato democrático, um gesto público. Achamos que devíamos nos posicionar e acabamos tocando em um nervo. Isso gera reações muito fortes, positivas e negativas. Quem não quiser ver “Aquarius” tem esse direito. Mas, para cada pessoa que talvez não queira ver o filme por causa do protesto, surgem duas ou três que vão assistir. Faz parte.

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