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Comediante da ‘Escolinha’, Berta Loran festeja 90 anos com livro de depoimentos

Imagine Basza Ajs, uma menina com 10 anos, de família judia, moradora de um gueto em Varsóvia, na Polônia, nos anos 1930. Agora, pense em uma senhora de 90 anos, moradora de Copacabana, que tem o bom humor como lema de vida. As duas são a mesma pessoa: Berta Loran, uma das grandes comediantes do Brasil. Ela acaba de completar 90 anos e começa a receber uma maratona de homenagens que virão em forma de um curta documental, uma exposição e um livro de depoimentos de personalidades como Jô Soares, Claudia Jimenez, Claudia Raia e Fernanda Montenegro, que será lançado nesta quinta-feira (5), das 16h às 19h, no foyer do Theatro NET São Paulo (Shopping Vila Olímpia, 5º andar – Rua Olimpíadas, 360).

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De onde vem tanta energia aos 90 anos?
Deus é muito bom para mim. Tenho muita saúde, como pouco e amo minha profissão. Quando a gente gosta do que faz é a melhor coisa do mundo. É fácil de se manter bem.

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A senhora é polonesa. Como veio parar no Brasil?
Viemos em 1937, um ano antes de a Segunda Guerra Mundial começar, para encontrar meu pai, que já tinha vindo antes. Foram 19 dias só vendo céu e mar num navio enorme, que era igual ao Titanic. Agora, você imagina sair de 30oºC negativos e chegar aqui nesse calor maravilhoso? Eu me apaixonei. Na mesma hora virei brasileira de coração! O que sou até hoje.

Quando chegou ao teatro?
Meu pai era alfaiate, mas também ator. Então, ainda na Polônia, ele me levou ao teatro quando eu tinha 7 anos e adorei. Aos 14, meu pai me colocou no teatro judeu e aí não parei mais.

Screen Shot 2016-05-04 at 20.02.20O que a senhora acha do humor da TV atual?
O humor na TV hoje é muito diferente. Na nossa época, era tudo com a cara limpa, não tinha palavrão, não tinha duplo sentido. Esse tipo de coisa ficava mais para o teatro. Mas, ainda há programas muito bons, como a nova «Escolinha do Professor Raimundo». Eu assisti e gostei muito.

Entre tantos trabalhos que fez, algum é mais especial para a senhora?
Meu espetáculo de teatro, “Divirta-se com Berta Loran”, no início dos anos 1980, ficou marcado para mim. Eu estudei tudo que tem a ver com teatro e nesse show botava o que eu sabia em prática. Eu cantava, dançava, mudava de roupa em cena, fazia de tudo mesmo. Foi um grande sucesso.

Quais são os seus planos a partir de agora?
Eu já fiz de tudo! Trabalhei com todo mundo, fiz todas as comédias e agora estou aposentada pela TV Globo. Mas, eu ainda gostaria de fazer uma novela. Podia ser uma tia engraçada, uma avó. Mas teria que ser na parte da comédia, não é? Já tem drama demais no Brasil, eu quero fazer rir!

O que a senhora está achando de todas essas homenagens pelos seus 90 anos?
Eu estou achando maravilhoso! Mas, confesso que estou um pouco cansada. Porque quiseram fazer essa homenagem para mim, mas quem vai às rádios, quem trabalha, quem faz rir e chorar é Berta Loran, não é? [risos].

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