Capa da revista»Claudia» deste mês, Ana Paula Padrão e Paola Carosella falaram sobre a amizade que construíram ao longo dos últimos anos.
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As duas se conheceram em 2014, ano em que foi ao ar a primeira temporada do «MasterChef». Até então, uma não sabia da existência da outra: a apresentadora por nunca ter ido ao Arturito, restaurante comandado pela chef argentina em São Paulo, e a jurada por ter ficado 14 anos sem televisão em casa.
O primeiro encontro aconteceu em um dos estúdios da Band, durante uma sessão de fotos de divulgação para a estreia do programa. «Depois das fotos, passei numa livraria e me surpreendi com a foto da Ana Paula na capa de um livro [sua autobiografia «O Amor Chegou Tarde em Minha Vida»]. Comprei e devorei. No nosso encontro seguinte eu já estava encantada», contou a chef à publicação.
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A partir daí as semelhanças não demoraram a aparecer, superando qualquer diferença. «Ela tem 1,80 m de altura; eu, 1,60. Ela é argentina; eu, brasileira. Nosso histórico é totalmente diferente, mas nos unimos no que importa, os valores», ressaltou a jornalista. «Quando dos encontramos éramos mulheres na faixa dos 40 anos, com sucesso em áreas predominantemente masculinas, sem um casamento tradicional e totalmente independentes financeiramente», completou.
Prestes a estrear a quarta temporada do talent show culinário, depois de terem passado também pelas versões infantil e profissional, as duas hoje são grandes amigas. «Eu nunca tinha feito um programa de entretenimento. Minhas coberturas sempre foram duras, zonas de guerra, crises. Quando vi a Paola chorando em um episódio da primeira temporada, pensei: ‘O que ela está fazendo?’ Demorei para entender que tudo bem baixar minha guarda. Hoje, me permito ficar emocionada e me sinto mais livre», admitiu a apresentadora.
Vida pessoal
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Em 2005, Ana Paula Padrão decidiu deixar a bancada do «Jornal da Globo», em horário nobre, e se surpreendeu com a reação das pessoas. «Tinha gente me acusando de jogar fora a melhor oportunidade da minha vida. Espera aí… Quem eram eles para falar das minhas decisões?», se questionou.
A decisão, no entanto, não foi tomada de uma hora para outra. Foram três anos de debate interno até que a apresentadora concluísse que o cargo não a fazia feliz. Tudo começou com uma forte dor de cabeça, persistente, e crises de choro repentinas. «Estava triste. Sou uma repórter de rua, não dou a mínima para status, fama», disse ela depois de se dar conta de que tinha deixado a vida pessoal de lado em nome do trabalho. «Não queria estar casada com a profissão, mas comigo mesma».
Aos 36 anos, então casada com o empresário Walter Mundell, tentou aumentar a família. Foram dois anos de tentativas frustradas de inseminação artificial. «Entendi que na vida as coisas devem acontecer naturalmente».
Atualmente, Ana Paula namora o executivo Gustavo Diament, gerente-geral da programadora Turner. «Eu tenho uma carreira, sou respeitada por ela, tive dois casamentos superbacanas, namoro um cara que me trata bem e gostamos um do outro… Preciso ter filhos? Esse sonho não é meu! Nunca quis a família margarina».
Na carreira, as coisas também estão bem resolvidas. Aos 51 anos, ela voltou a se ver no auge. «Queria que outras mulheres experimentassem o poder de ser responsável pela própria felicidade, Dou palestras e pergunto: ‘Quem aqui é feliz?’. Muitas levantam a mão, mas os motivos sempre vêm de fora, como o filho ter passado de ano no colégio. Aí eu falo: ‘Não, amiga. Quando VOCÊ é feliz?’. Isso as leva às lágrimas. Não somos criadas para sermos autossuficientes, mas assumi comigo mesma o compromisso de ser feliz diariamente, declarou ela que, fora do MasterChef, comanda outros projetos como o portal Tempo de Mulher, lançado em 2011 como uma empresa de comunicação e empoderamento feminino.
Afinidades
Com Paola Carosella não é diferente. Queridinha das redes sociais, a chef de cozinha se vê realizada. Mãe de Francesca, de 5 anos, ela conseguiu encontrar o equilíbrio na profissão. «Passei a primeira e a segunda temporada inteiras em choque, insegura. Só comecei a curtir depois», revelou. «Buscava a perfeição. Sou dessas que começam arrumando a gaveta, organizam o quarto e ja querem chamar o arquiteto para uma reforma», brincou.
Olhando para o passado, ela percebe que poderia ter relaxado um pouco mais, porém só a vivência traz o aprendizado. «Agora busco o melhor dentro do possível. Não dá para me dedicar 100% ao restaurante, à Fran, ao namorado (o fotógrafo irlandês Jason Lowe que mora em Londres). É preciso dosar», explicou.
Separada do marido desde que Francesca tinha 2 anos, Paola conta com a ajuda de duas funcionárias. «Estou gravando e vendo quem pode levar levá-la ao médico ou buscá-la na escola. Mas, no fim do dia, a filha é minha. E sem companheiro é mais difícil. Chego em casa e ainda tenho que cozinhar, resolver burocracias. Não tem quem adiante essas questões para mim, disse ressaltando que isso não é exatamente uma reclamação. «O que acontece com quem pega duas horas de condução até o trabalho e deixa o filho na creche, volta meia-noite, precisa cuidar da casa e mal tem tempo de ficar com a criança? É cruel. Para mim, o machismo se exibe em uma sociedade que não considera as diferenças entre as mulheres».
Aos 44 anos, Paola é vista com uma das mais belas e elegantes personalidades da televisão, mas nem sempre foi assim. Na adolescência, ela sofria por se achar feia e não se adequar a nenhum grupo e não quer que a filha passe pela mesma coisa. «Quero que se orgulhe de quem é e não mude para se encaixar em um padrão de beleza ou chamar a atenção dos meninos».
A argentina também comentou sobre sua atuação no «MasterChef» e as lágrimas que correm soltas nos episódios. «Não ligo para o que pensam de mim, não vivo uma personagem. Esse coquetel de emoções que aparece na TV é quem eu sou».
