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Peça reflete sobre coexistência entre diferenças a partir da questão indígena

Apesar de representar uma das principais matrizes étnicas do povo brasileiro, o índio ainda está fora do centro do debate político nacional. Para o diretor teatral Fernando Nicolau, isso se dá por falta de reconhecimento. “A gente não se sente parte dessa questão. É mais fácil vê-la como folclore, como passado, do que se incluir nela”, afirma.

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Ele mesmo só se deu conta da gravidade do tema ao ler uma carta escrita pelos índios guarani kaiwoá, em 2012, na qual eles afirmavam preferir a morte do que ver suas terras serem tiradas de si por um processo de demarcação.

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“Fiquei três dias paralisado dentro de casa sem saber como lidar com aquilo. Eles têm uma questão espiritual com a terra, de ancestralidade. Já a  demarcação é ligada a interesses econômicos. Percebi que sei muito pouco sobre a questão do índio”, diz ele.

O interesse pelo assunto o fez convocar o dramaturgo Fernando Marques e a atriz Adassa Martins para pesquisar o tema ao longo de três anos. O resultado é “Se Eu Fosse Iracema”, que estreia hoje (13) no Sesc Ipiranga após ser indicado ao Prêmio Shell de melhor atriz e figurino por suas temporadas cariocas.

Na peça, ritos de passagem e mitos indígenas são evocados para falar do ciclo da vida e convidar o público a pensar sobre a possibilidade de coexistência com as diferenças.

Essa preocupação fez parte da criação, quando o trio buscou entender o discurso do outro em ver de tomá-lo para si. “A gente só pode falar do nosso lugar. Por isso, a gente não mimetiza o índio. Mas hoje eu me vejo incluído nessa questão pela urgência que sinto em falar dela”, diz ele.

Esta não é, no entanto, uma peça de respostas fáceis. “A gente lança várias perguntas. A ideia é abrir várias vozes no espetáculo.”

Serviço:
No Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel.: 3340-2000). Estreia hoje (13). Sex., às 21h30, sáb., às 19h30, dom., às 18h30. R$ 20. Até 12/2.

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