O detetive inglês Sherlock Holmes – vivido na TV por Benedict Cumberbatch – e o ladrão francês Arsène Lupin – interpretado no cinema, em 2004, por Romain Duris – acabam de voltar às livrarias em duas edições de bolso lançadas pela Zahar. O lançamento simultâneo joga uma bossa em torno dos dois personagens, criados respectivamente por Arthur Conan Doyle (1859-1930) e Maurice Leblanc (1864-1941).
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Tanto Holmes quanto Lupin são contemporâneos. O primeiro nasceu em 1887, enquanto o segundo veio à luz 20 anos depois, já na esteira do sucesso do britânico, mas também no formato de pequenos contos.
A grande diferença entre os dois está na motivação e no espírito dos personagens. Holmes usa sua sagacidade para solucionar os crimes mais insolúveis, enquanto Lupin foi concebido para ser justamente o fora da lei capaz de desafiar a capacidade do detetive ao executar roubos e disfarces com toques de perfeição.
“Histórias de Sherlock Holmes” reúne os 12 últimos casos do britânico, publicados originalmente na revista “Strand Magazine” entre 1921 e 1927, com direito a 30 ilustrações.
Enquanto isso, “As Primeiras Aventuras de Arsène Lupin – O Ladrão de Casaca” apresenta nove contos veiculados entre 1905 e 1906 na revista francesa “Je Sais Tout”, além de um posfácio e uma cronologia do autor.
A história mais curiosa é justamente a última. “Herlock Sholmes chega tarde demais” revela o primeiro dos vários encontros em que Lupin satiriza abertamente o detetive britânico.
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Leblanc chegou inclusive a usar o nome correto do personagem de Doyle, mas, por motivos legais, driblou a interdição no melhor estilo de seu anti-herói, um ladrão “por gosto e vocação” conhecido pela forma como zomba das convenções.
Ler os dois livros ao mesmo tempo é um bom exercício para pensar sobre as diferenças entre Inglaterra em França pelo viés da literatura de entretenimento, numa leitura completamente distinta das reflexões políticas do início do século 20.