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“Consegui sair, mas minha irmã morreu carbonizada”, diz sobrevivente de incêndio que matou 10 no RS

Homem disse que chamas se alastraram rápido; pousada funcionava sem alvará dos bombeiros

Polícia Civil apura as causas
Incêndio em pousada irregular deixou ao menos 10 mortos e 11 feridos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (Reprodução/ X (Twitter))

Um sobrevivente do incêndio que matou ao menos 10 pessoas e deixou 11 feridas em uma pousada no Centro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na madrugada desta sexta-feira (26), conta que as chamas se alastraram rapidamente. Marcelo Wagner Schelech, de 56 anos, disse que conseguiu correr e se salvar, já a irmã dele não teve a mesma sorte.

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“Eu consegui sair, mas minha irmã, que morava no terceiro andar, morreu carbonizada”, relatou o homem, em entrevista ao portal “GaúchaZH”. Ele ressaltou que a fumaça tomou conta do prédio rapidamente e ele saiu correndo, apenas com a roupa do corpo.

Outro morador da pousada, Jorge Antônio Ferreira relatou, ao site UOL, que faltava energia no prédio antes das chamas começarem e que foi ele quem avistou o fogo e alertou as demais pessoas. “Com o barulho, o estrago, eu gritei, subi as escadas correndo, gritando: ‘Fogo, salve-se quem puder”, disse.

Ferreira reclamou que a pousada apresentava péssimas condições estruturais. “Nós pagamos R$ 900 num quartinho que é um lixo, tem barata [que] comia todas as nossas comidas”, lamentou ele.

Já a técnica de enfermagem Joneisa Garcia disse que passava nas proximidades do local, quando viu uma pessoa pulando do terceiro andar para se salvar. “Tinha um rapaz muito machucado. Ele disse que se atirou do terceiro andar, aí ajudamos levando para a Santa Casa, disseram que não era ali. Então levamos para o HPS [Hospital de Pronto Socorro]”, relatou ela.

As primeiras informações revelam que a pousada recebia pessoas em situação de vulnerabilidade social. Ela fica localizada na Avenida Farrapos, entre as ruas Garibaldi e Barros Cassal.

Os bombeiros informaram que foram acionados por volta das 2h, sendo que o fogo só foi combatido por volta das 5h. Inicialmente nove vítimas fatais foram encontradas, mas, durante uma varredura, o décimo corpo foi achado.

Os feridos receberam atendimento no local, sendo que oito precisaram ser levados a hospitais. A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre informou que duas das vítimas têm estado considerado grave e precisaram ser entubadas. Uma terceira teve 20% do corpo queimado e outra sofreu uma fratura em uma das pernas.

Investigação

De acordo com o tenente-coronel dos bombeiros Lúcio Junes da Silva, a pousada não tinha Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios, dessa forma, funcionava de maneira irregular. Como os quartos eram muito próximos, o fogo se alastrou rapidamente.

Inicialmente os bombeiros e a Defesa Civil falaram a respeito da suspeita de incêndio criminoso, mas a Polícia Civil diz que, após a oitiva de testemunhas, tudo indica que o fogo começou em um colchão e, quando o morador tentou apagar, as chamas se alastraram para as paredes.

“Não encontramos nenhum indício de incêndio criminoso. Um morador tentou apagar o fogo em um colchão, virando o colchão para apagar a chama, mas, daí, bateu na parede de madeira e se alastrou”,, disse o delegado Leandro Bodoia, ao site G1.

De qualquer forma, uma perícia feita pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) deve comprovar quais foram as causas do incêndio.

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