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Filho de mulher presa após levar idoso morto a banco lamenta piadas com ‘tio Paulo’: “Desumano”

Lucas Santos diz que a mãe, Erika Nunes, luta contra problemas psiquiátricos e que a prisão dela é injusta

Polícia apura o caso
Filho defende Erika de Souza Vieira Nunes, 42, e diz que ela não estava bem quando levou idoso morto a banco: "Desorientada" (Reprodução/X (Twitter)/TV Globo)

O bombeiro Lucas Nunes dos Santos, de 27 anos, filho de Erika de Souza Vieira Nunes, de 42, presa após levar um idoso sem vida a um banco em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, afirma que a família enfrenta dois sofrimentos. Um deles, de acordo com o rapaz, é a prisão injusta da mãe, já que ela luta contra problemas psiquiátricos e estava “desorientada”. O segundo é o luto pela morte de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, e as piadas feitas usando a imagem dele.

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“Estamos lidando com dois sofrimentos. Primeiro, com o luto pela morte do nosso tio e com a forma macabra como trataram a imagem dele depois que o caso viralizou. E, também, com o que estão fazendo com a minha mãe. É desumano. A sociedade já condenou minha mãe, como se tivesse certeza que ela cometeu um delito. Minha mãe é inocente”, disse o bombeiro, em entrevista ao site UOL.

Lucas ressaltou que a mãe não agiu com a intenção de roubar o empréstimo em nome do tio e que a mulher estava fora de si. “Ela ligou chorando e disse: ‘meu tio faleceu, estamos no banco’. Mas não conseguia falar de forma coerente, parecia desorientada. Como ela estava dopada, não dava para entender direito”, relatou.

A advogada Ana Carla de Souza Correa, que defende Erika, também já disse que a mulher enfrenta problemas psiquiátricos e faz uso de medicações controladas. Assim, teve “um surto de um efeito colateral” por conta da depressão e não percebeu que o idoso estava morto quando o levou ao banco. Ela só teria tido ciência do caso quando o médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez o atendimento na agência bancária, sustenta a defesa.

Apesar das alegações, o delegado Fábio Souza, que investiga o caso, afirma que Erika sabia que o idoso tinha “pouco tempo” de vida e, por isso, foi ao banco naquela ocasião.

“Ela foi com o tio ao banco porque percebeu que ele estava no seu último momento de vida, e tentou, antes que ele morresse, retirar esse dinheiro. Só que, antes de chegar ao banco, ele veio a óbito. Ainda assim, ela viu a possibilidade de fazer o saque desse dinheiro, porque era a última chance que ela tinha de tirar esse dinheiro”, ressaltou o delegado, em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo.

Souza ressalta que o idoso estava vivo quando saiu de casa e foi levado até um centro comercial em um carro de aplicativo, mas morreu antes de ser levado ao banco. O investigador diz que Erika percebeu isso e ficou conversando com o tio “fingindo normalidade”, o que refuta o argumento da defesa de que a mulher tem problemas psiquiátricos e não sabia o que estava acontecendo.

“Uma pessoa com problema psiquiátrico pode não entender que o tio está morto, mas certamente também não entenderia que tem que ir à agência pegar o dinheiro. A pessoa não pode ter uma consciência seletiva”, ressaltou o delegado.

Erika, que foi indiciada por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver, segue cumprindo prisão preventiva, sem prazo determinado.

Relembre o caso

O caso aconteceu na tarde do último dia 16. As imagens, gravadas por funcionários da agência, mostram Braga dentro do banco, sentado em uma cadeira de rodas, visivelmente desacordado. Erika segurava a mão do idoso e pedia para que ele assinasse um documento, da mesma forma que constava em seu RG. Em um determinado momento, a cabeça dele cai para trás e ela levanta para frente.

Apesar das tentativas dela de que o idoso segurasse uma caneta para assinar o documento, ele não reagiu. “Tio Paulo, está ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, tem que ser o senhor. O que eu posso fazer, eu faço”, disse Érika no vídeo. “Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais.”

Na sequência, ela pergunta para as funcionárias do banco se alguma delas viu o “tio” segurar a porta do banco, dizendo que ele tinha sim forças para fazer a assinatura. Porém, as atendentes dizem não ter visto e uma delas afirma: “Ele não está bem não”.

Depois disso o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e o médico constatou que o idoso já estava morto. Por conta das mudanças de coloração que surgem na pele, o profissional estimou que a morte tenha ocorrido pelo menos duas horas antes.

Mulher foi presa em flagrante
Vídeos mostram mulher carregando idoso momentos antes de entrar em banco, no RJ; polícia diz que ele já estava morto (Reprodução/RecordTV/GloboNews)

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