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‘Repugnante e macabra’: Justiça mantém prisão de mulher que levou idoso morto a banco no RJ

Juíza destacou que Erika Nunes, 42, agiu para ‘obter dinheiro’, sem se preocupar com saúde do homem

Polícia apura o caso
Justiça mantém prisão de Erika de Souza Vieira Nunes, 42, que levou idoso morto a banco para tentar sacar empréstimo, no RJ (Reprodução/X (Twitter)/TV Globo)

A Justiça do Rio de Janeiro converteu para preventiva a prisão de Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, que levou Paulo Roberto Braga, de 68, a uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As investigações apontam que o idoso já estava morto quando ela tentava sacar um empréstimo de R$ 17 mil. Para a juíza Rachel Assad da Cunha, a ação da detida foi “repugnante e macabra”, pois ela queria apenas “obter dinheiro”, sem se preocupar com o estado de saúde do homem.

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A audiência de custódia ocorreu na tarde de quinta-feira (18). A juíza disse que, apesar da indefinição da hora exata da morte de Braga, o idoso foi submetido a uma situação vexatória e, mesmo se estivesse vivo, claramente não tinha condições de decidir sobre o empréstimo.

“A questão é definir se o idoso, naquelas condições, mesmo que vivo estivesse, poderia expressar a sua vontade. Se já estava morto, por óbvio, não seria possível. Mas ainda que vivo estivesse, era notório que não tinha condições de expressar vontade alguma, estando em total estado de incapacidade”, sustentou a magistrada.

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Para Rachel Assad, toda a ação mostra que Erika agiu apenas pensando em receber o valor do empréstimo. “Tudo a indicar que a vontade ali manifestada era exclusiva da custodiada, voltada a obter dinheiro que não lhe pertencia, mantendo, portanto, a ilicitude da conduta, ainda que o idoso estivesse vivo em parte do tempo”, escreveu ela na decisão.

“Era perceptível a qualquer pessoa que aquele idoso na cadeira de rodas não estava bem. Diversas pessoas que cruzaram com a custodiada e o Sr. Paulo ficaram perplexos com a cena, mas a custodiada teria sido a única pessoa a não perceber?”, questionou a juíza.

Por fim, a magistrada disse que Erika, que afirma que era cuidadora do idoso, em nenhum momento se preocupou com o estado de saúde dele. Para Rachel Assad, a investigação precisa apurar se a conduta dela não “acelerou” o falecimento de Braga.

“Assim, caberá à instrução probatória verificar, ainda, se a própria conduta não teria contribuído ou acelerado o evento morte, por submeter o idoso a tanto esforço físico, em momento que evidentemente necessitava de repouso e cuidados”, completou a juíza.

Defesa nega e diz que morte ocorreu no local
Erika de Souza Vieira Nunes, 42, foi presa em flagrante por levar idoso morto a banco para tentar sacar empréstimo, no Rio de Janeiro (Reprodução/X (Twitter))

Relembre o caso

O caso aconteceu na tarde de terça-feira (16). As imagens, gravadas por funcionários da agência, mostram Braga sentado em uma cadeira de rodas, visivelmente desacordado. Erika segurava a mão do idoso e pedia para que ele assinasse um documento, da mesma forma que constava em seu RG. Em um determinado momento, a cabeça dele cai para trás e ela levanta para frente.

Apesar das tentativas dela de que o idoso segurasse uma caneta para assinar o documento, ele não reagiu. “Tio Paulo, está ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, tem que ser o senhor. O que eu posso fazer, eu faço”, disse Érika no vídeo. “Assina para não me dar mais dor de cabeça, eu não aguento mais.”

Na sequência, ela pergunta para as funcionárias do banco se alguma delas viu o “tio” segurar a porta do banco, dizendo que ele tinha sim forças para fazer a assinatura. Porém, as atendentes dizem não ter visto e uma delas afirma: “Ele não está bem não”.

Depois disso o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e o médico constatou que o idoso já estava morto. Por conta das mudanças de coloração que surgem na pele, o profissional estimou que a morte tenha ocorrido pelo menos duas horas antes.

O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil, que indiciou Erika por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver.

Apesar da versão da polícia, a mulher e sua defesa sustentam que a morte do idoso ocorreu exatamente no momento em que ele estava na agência bancária.

Mulher foi presa em flagrante
Vídeos mostram mulher carregando idoso momentos antes de entrar em banco, no RJ; polícia diz que ele já estava morto (Reprodução/RecordTV/GloboNews)

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