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Para RuPaul, principal lição de reality de drags é fazê-las aprenderem a se amar

O popular artista fala sobre igualdade de gênero e inspiração a partir da 8ª temporada do concurso de drag queens «RuPaul’s Drag Race», exibida aos sábados, às 23h, no Comedy Central.

O que você faz para manter o programa revigorado?
Isso acontece por causa das participantes. Elas são a verdadeira alma do programa. A energia e o frescor delas é o que têm mantido a força durante todo esse tempo. É interessante conhecê-las porque muitas vêm de cidades do interior dos EUA, onde tiveram que lutar batalhas pessoais e demonstrar que podem viver sob suas próprias regras. Então, quando elas chegam à série, já são super-heroínas, e é isso o que as torna especiais. Claro que, depois disso, elas passam pelo que chamo de morte e renascimento, quando vão começar a fazer coisas inéditas – e é aí quando elas enfrentam um ponto de virada em suas vidas.

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A comunidade LGBT ainda enfrenta muitas batalhas. Qual o preocupa mais?
A mesma que todos os seres humanos precisam enfrentar, que não é exatamente por um direito gay, mas por um direito humano, e todos deveriam lutar por isso. Devemos descobrir que temos mais em comum uns com os outros do que achamos. O maior mal entendido entre nós é acreditarmos que somos separados uns dos outros ou que somos diferentes. Somos uma entidade única. As pessoas esquecem disso muito facilmente.

Você acha que deve haver alguma mudança de leis?
Muitas. Mas preciso caminhar no mesmo ritmo do resto das pessoas. Quando eu tinha 12 anos, me sentia um ET porque ninguém falava de problemas reais. Soa hipócrita quando dizem que algumas pessoas podem fazer algumas coisas e outras não. Essas separações são ilusões decorrentes do ego. Temos que começar a resolver isso.

RuPaul já 'formou' 114 drag queens em seu reality show| Dimitrios Kambouris/Getty Images)
RuPaul já ‘formou’ 114 drag queens em seu reality show| Dimitrios Kambouris/Getty Images)

Você mencionou separações, e há quem queira até erguer muros…
Sim, é verdade. Mas devo dizer que esse é um muro emocional. Ele apenas diz respeito ao ego de alguns que sentem que, por morarem de um lado, são melhores que o outro lado, e não é assim.

Como você mantém sua mente sã? Você medita?
Faço isso ao me manter fiel ao que está em meu coração. E sim, isso se consegue por meio da prática da meditação. É preciso que cada um pegue um tempo para encontrar o equilíbrio e a clareza em tudo o que está sendo vivido. Acredite ou não, eu me perco, passo por momentos de confusão, mas o ponto é sempre retornar ao centro de uma forma compassiva.

«Ru Paul’s Drag Race» começou como um programa de nicho e se tornou cada vez mais popular. A que você credita essa evolução?
Ele começou bem pequeno em um canal pago americano chamado Logo e depois nós mudamos para o Vh1, que atinge 93 milhões de lares, enquanto o Logo era restrito a 26 milhões, pois só estava disponível nos pacotes mais caros. O que acontece muito é que pessoas que têm esse canal nem sabem que o tem. (risos) Paralelamente a isso, muitos descobriram o reality show na Netflix e em outros canais que coemçaram a transmiti-lo e daí passaram a segui-lo. Isso também reflete que as mentes mais jovens tem uma visão muito mais aberta da sexualidade, elas não pensam mais nas coisas como opinião de um ou de outro, mas como uma variedade de possibilidades e que eles não precisam brigar uns com os outros.

Que mensagem você deixa para as mentes mais jovens?
A mesma desde o começo: aprender a se amar é o mais importante que você pode fazer na sua vida. Saiba quem você é, o que o faz feliz, o que o move, o que o motiva a sair da cama e ir atrás disso. O que me motiva é o amor, as risadas, a beleza, a dança e a atuação. Descobrir essas motivações pessoais é o que nos faz humanos.

O que significou para você ganhar um Emmy?
Foi importante para quem trabalha na série. O reconhecimento abre muitas portas para essas pessoas e as coloca em um lugar melhor para aspirar a sonhos maiores. Sinto orgulho porque elas ficam felizes. Como artista, sempre trabalho fora da caixa e nunca fiz algo por prêmios. Meu maior prêmio são as 114 drag queens que deixaram cidadezinhas para se tornarem artistas internacionais. É um orgulho para mim impulsionar as carreiras delas.

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