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‘Gosto de me perder nos personagens’, diz a indicada ao Oscar Isabelle Huppert

Com mais de 130 filmes na carreira, Isabelle Huppert é uma mulher de poucas expressões. Mas esse é o estilo dela – o que alguém que não quer chamar muita atenção para si.

Em «Elle», atualmente em cartaz nos cinemas, ela vive Michele Leblanc, uma mulher que muitos podem amar ou odiar. Com um senso de humor sombrio e dramático, a personagem é levada por excessos que chegaram a ser fortemente criticados por movimentos feministas.

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Baseado no romance «Oh…», de Philippe Djian, o filme começa com a empresária vivida por Huppert sendo estuprada em sua própria casa por um estranho. A partir daí, ela lida com as consequências do episódio de maneira bastante particular.

Prestes a completar 64 anos, a francesa pode somar amanhã (26) o Oscar de melhor atriz a sua longa lista de prêmios pela produção já agraciada com o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.

Como é possível interpretar uma mulher tão forte e, ao mesmo tempo, tão vulnerável?
Michele é uma mulher de sucesso em um mundo jovem, já que a empresa dela produz videogames. Ela é a filha de um serial killer que está preso, enquanto sua mãe é obcecada por relacionamentos. Michele também é ex-mulher de um escritor fracassado e mãe de um filho abobalhado. Diante disso, parece fácil conviver com o que lhe resta. Gosto de dizer que «Elle» não glorifica nem justifica o estupro. Essa mulher simplesmente não gosta de chamar a atenção, apesar de ter sido violada, porque, em algum nível, ela busca um prazer de ordem pessoal.

O que você sentiu quando quando leu sobre a personagem pela primeira vez?
Um calafrio. Especialmente depois de saber que quatro atrizes americanas se recusaram a interpretá-la. Acho que sua maior virtude é que ela faz as coisas por instinto. Ela mergulha quase de olhos vendados no que deseja. Ela é uma mulher que teve uma infância complicada. Seus pais a levaram a amadurecer de um jeito bastante peculiar. Ela não tem medo de nada.

O diretor Paul Verhoeven disse que você é uma atriz extraordinária. O que você pensa a respeito disso?
Sou uma mulher viciada em atuar. Muitos dizem que sou misteriosa e não muito expressiva, que não sabem quando estou triste ou feliz. A verdade é que gosto de me perder nos personagens. Eles me afetam tanto que, ao fim de uma cena, sinto dificuldade de me livrar das emoções deles. Geralmente investigo o que está em torno do personagem. Gosto da complexidade e não gosto de brincar com meu trabalho.

Você é séria na vida real?
Você precisaria perguntar isso para meu marido e minhas filhas, mas acho que posso dizer que sou completamente diferente. Tenho prazer em fazer o que gosto, e geralmente sofro apenas para o trabalho.

Como você descreveria «Elle»?
Não acho que Michele seja controversa, como já apontei, mas simplesmente perturbadora. Ela dá um chacoalhão nas mentes, porque não é alguém a quem você está acostumado, mas o que ela vive  acontece na vida real.

Ela é feminista?
Michele Leblanc é um novo tipo de mulher. Eu acho que ela é uma personagem pós-feminista. Ela nunca se torna a vítima, ela não busca vingança nem é obcecada pelo sexo masculino. Ela apenas vive sua própria realidade. Ela é o resultado da falha dos homens. Esse é um filme no qual as mulheres e os homens precisam equilibrar o que é bom e o que é mau.

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