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Documentário indicado ao Oscar revê dolorida saga dos negros nos EUA

Não é entretenimento o que está na tela: é política – e muito bem envolvida por uma capa de poesia. O filme faz uma coleção de imagens cruas da violência e do preconceito racial nos EUA, costurando essas cenas com textos e entrevistas do escritor e ativista negro James Baldwin.

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O trabalho minucioso de junção de palavra e imagem tornou a produção uma das favoritas ao Oscar de melhor documentário – que ela disputa com outros quatro filmes, dois deles também sobre a questão racial nos EUA.

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Baldwin, mesmo morto há 30 anos, é creditado como o roterista do filme. Não é para menos: toda a narrativa criada pelo diretor haitiano Raoul Peck é baseada em uma carta que Baldwin escreveu para seus editores explicando a trama de um livro que nunca chegou a publicar: «Remember this house» (“Lembre-se desta casa”, em tradução livre). Neste texto, Baldwin reconta a história do negro nos EUA a partir dos assassinatos de três renomados ativistas dos direitos civis nos anos 1960: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.

O documentário é narrado por Samuel L. Jackson, que lê os textos de Baldwin – mesmo tendo sido escritos há tantos anos, eles ainda aparentam estar à frente de seu tempo. “Se um branco diz ‘liberdade ou morte’, ele é herói. Se um negro faz isso, é uma ameaça”, resume o autor.

Na análise do filme, nem mesmo Hollywood escapa. Baldwin se demora ao pensar sobre o papel inferiorizado de negros no cinema de 1960 – reflexão muito atual ainda hoje, quando premiações, incluindo o Oscar, ainda se mantêm excluindo negros.

Apesar de manter grande parte de sua força argumentativa nas frases de efeito do escritor, o documentário já seria chocante apenas pela coleção de imagens que ele faz: passeatas de brancos contra a miscigenação e forças policiais abusando da violência contra os negros são uma constante. Na tela e nas ruas.

Veja o trailer de «Eu Não Sou Seu Negro»:

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