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Sequência de ‘Cinquenta Tons de Cinza’ arruína franquia de filmes eróticos

No sexo, o que agrada os envolvidos não deve ser julgado – desde que seja consenso. No romance, porém, a situação é diferente. É por não perceber essa diferença evidente que «Cinquenta Tons Mais Escuros», continuação de «Cinquenta Tons de Cinza» (2015), que estreia nesta quinta-feira (9), se torna um filme tão repleto de defeitos – não só técnicos, mas sociais.

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A protagonista sente-se obrigada a ajudar o amante machista, abusivo e controlador a se curar. Fora da tela, esta ideia é ainda mais perigosa que o retratado no filme de James Foley.

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Embora o diretor tenha feito um bom trabalho em vários episódios da primeira temporada de «House of Cards», aqui sua visão só parece destruir o trabalho de Sam Taylor-Wood, diretora do filme original, que se demitiu por não gostar das constantes intervenções de E. L. James, autora dos livros em que o filme se baseia.

Enquanto ela conseguia mascarar a história de pouca profundidade com uma fotografia bem trabalhada, uma trilha sonora encantadora e algumas doses de bom-humor, a continuação deixa tudo se esvair pelo ralo. Até os instrumentos de Grey, apresentados anteriormente com curiosidade, são deixados de lado neste filme.

Antes trabalhadas com delicadeza, as cenas de sexo se tornam machistas. Anastasia Steele (Dakota Johnson), por exemplo, está sempre nua, enquanto Christian Grey (Jamie Dornan) transa parcialmente vestido.

Os protagonistas, a propósito, parecem ter perdido a (pouca) química que tinham. Dakota disse que gravar as cenas de sexo com Dornan era “entediante”, e correram boatos de que ambos quase foram trocados por não estarem rendendo no set. Analisando o produto final, as desavenças ficam evidentes.

O pior aspecto de todos, porém é sem dúvida o roteiro. O filme reproduz com fidelidade algumas passagens do livro, mas isso não garante qualidade. Em vez de mais decidida, Anastasia se tornou patética: basta que Grey lhe dê um presente caro e ela para de reclamar.

O resultado de «Cinquenta Tons Mais Escuros» é  difícil de assistir. Não há encantamento ou sedução. A meia hora final é um teste de resistência.

Provavelmente, porém, o filme será um sucesso de bilheteria, dada a profusão de leitores de E. L. James ávidos por seus produtos. Se você está nesse grupo, irá se divertir, mas é melhor nem convidar quem não gosta da série.

Veja o trailer de «Cinquenta Tons Mais Escuros»:

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