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Exposição propõe revisão histórica da modernista Anita Malfatti

Em 1917, Anita Malfatti (1889-1964) surpreendeu o cenário brasileiro das artes com uma exposição hoje tida como seminal para o desenvolvimento do modernismo no país. O legado iniciado por ela naquele momento é revisto agora em “Anita Malfatti : 100 Anos de Arte Moderna”, que abre hoje (7), às 20h, no Museu de Arte Moderna (MAM).

A proposta da curadora Regina Teixeira de Barros é instigar uma revisão histórica de uma artista que soube representar bem seu tempo, mas acabou incompreendida. “Ela tem o mérito de nunca ter se acomodado àquilo que sabia fazer. Ela era bem informada e conectada e estava sempre se reinventando”, afirma.

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As inovações formais apresentadas por Anita em 1917, fruto de seis anos de estudos entre a Alemanha e os Estados Unidos, a fizeram ser duramente atacada por Monteiro Lobato (1882-1948).

A crítica dele obteve grande repercussão e fez com que a artista fosse sempre vinculada ao escritor. Por um lado, o texto ajudou a consolidá-la como precursora do modernismo no paísa. Por outro, criou um mito pouco elogioso em torno dela, como diz Regina.

“O fato de Anita ser mulher fez com que ela fosse vitimizada. Criou-se a ideia de que, depois disso, ela nunca mais foi a mesma e que sua pintura foi pura decadência.”

A exposição do MAM contrapõe esse pensamento ao retratar três fases da artista. A primeira representa seu início com uma coleção de pinturas realizadas até 1917. Já a segunda reúne obras realizadas entre 1923 e 1928, quando Anita morou em Paris e sofreu influência de artistas como Cézanne e Matisse.

“Após um primeiro momento de ruptura com a academia, o modernismo ganha outro viés: o do retorno à ordem. Anita também é pioneira nisso”, diz Regina.

A terceira fase, já nos anos 1940 e 1950, enfoca manifestações brasileiras. “Esse é o momento em que artistas primitivistas começam a ser absorvidos pelo circuito. Ela começa a pintar à maneira do popular e é mal vista. Agora é hora de celebrar esses cem anos com distanciamento”, conclui a curadora.

Serviço:
No MAM (av. Pedro Álvares Cabral, s/n, parque Ibirapuera, tel.: 5085-1318). De ter. a dom., das 10h às 17h30. R$ 6 (grátis aos sábados).Até 30/4.

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