Rolling Stones voltam às origens em álbum só de covers de blues

A preocupação de Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e Charlie Watts em “Blue & Lonesome”, lançado na última sexta, é puramente com o prazer de interpretar faixas de blues que marcaram a formação musical do grupo entre o fim dos anos 1950 e início dos anos 1960.

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Isso fica evidente quando descobrimos que o álbum inteiro foi gravado em apenas três dias, em Londres, há exatamente um ano. O tempo enxuto demonstra o compromisso dos Stones em manterem ali a vitalidade cara ao gênero surgido entre os negros americanos e que teve seu auge entre 1950 e 1970. As gravações, portanto, apresentam o resultado do que foi registrado ao vivo, sem overdubs.

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“Blue & Lonesome” reúne 12 faixas, entre as quais aquela que batiza o álbum, escrita e gravada em 1959 por Little Walter. O compositor é ainda reverenciado em outras três músicas: “Just Your Fool” (1960), que abre o disco e foi a primeira divulgada pela banda; “I Gotta Go” (1955) e “Hate To See You Go” (1955).

É a partir dessa canção – a oitava do setlist –, que o uso da gaita, tocada por Jagger, se acentua nas interpretações.

A voz do artista, aliás, se presta bem ao gênero e não só acompanha suas oscilações sem desafinar como carrega com honra a dramaticidade das letras defendidas.

Com exceção da faixa-título e “Little Rain” (1957), de Jimmy Reed, a toada de “Blue & Lonesome” é a de um disco mais dançante, honrando o estilo marcante dos Stones.

A cereja do álbum vem ao fim, quando “I Can’t Quit You Baby” (1956), escrita por Willie Dixon e gravada por Otis Rush, surge com uma luxuosa participação de Eric Clapton nas guitarras.

Sim, é um disco só de covers – e o primeiro da banda desde “A Bigger Bang” (2005) –, mas não dá para desprezar o embalo delicioso que os Stones emprestam a cada canção.