Perto dos cem anos, Eulálio D’Assumpção encontra-se abandonado em uma maca em um hospital público brasileiro. Enquanto agoniza à espera de atendimento, ele lembra da história de sua família aristocrática e recheada de privilégios desde que chegou ao país com a corte portuguesa. As memórias apontam contradições e convidam a uma reflexão sobre a história política do país.
Essa é a trama de “Leite Derramado”, romance do cantor e compositor Chico Buarque que conquistou o Prêmio Jabuti em 2010. A partir de hoje, essa história salta das páginas para o palco em uma montagem teatral adaptada por Roberto Alvim.
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Em uma hora de peça, ele busca sintetizar o espírito do livro de Chico. “A gente vê as transformações sociais e históricas do país pelas transformações dessa família até chegar aos nossos dias e vê a constituição de uma identidade nacional que é uma tragédia nacional, oriunda de corrupções e favoritismos que vão trocando de mãos”, afirma o diretor. Chico deu carta branca para Alvim, que levou um ano para adaptar o texto – foram necessárias sete versões até o roteiro definitivo.
Para o papel de Eulálio, o diretor escalou uma mulher: a experiente Juliana Galdino, sua colega na Cia. Club Noir. “Esse projeto só pôde existir porque eu a tinha comigo. Ela é uma atriz com um trabalho muito forte de caracterização, e o que ela fez na construção desse velho é assustador. O Chico ficou chapado quando viu”, lembra o dramaturgo, para quem a discussão da peça independe da filiação partidária do espectador.
“Essa obra não é ideológica. Ela é relevante para nos ajudar a reinventarmos formas de ação política que trabalhem em prol do bem. Chegamos no limite máximo de destruição por nós mesmos. Sem reinvenção, vamos naufragar.”
Serviço:
No Sesc Consolação (r. dr. Vila Nova, 245, tel.: 3234-3000). De qui. a sáb., às 21h; dom., às 18h. R$ 40. Até 13/10.