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Elle Fanning faz crítica à obsessão pela aparência no horror ‘Demônio de Neon’

Elle Fanning tem 18 anos e já pode ser considerada uma veterana das telas: ela atua desde os 3 anos. Com “Demônio de Neon”, que estreia nesta quinta-feira (29), ela acrescenta o dinamarquês Nicolas Winding Refn («Drive») na impressionante lista de diretores com os quais já trabalhou, que inclui David Fincher, Cameron Crowe, Francis Ford Coppola, Sofia Coppola e Sally Potter.

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No longa, que conta ainda com Christina Hendricks, Jena Malone e Keanu Reeves no elenco, ela interpreta Jesse, uma adolescente que ingressa em uma indústria da moda infernal. Enquanto isso, Fanning tenta viver uma vida relativamente normal. Ela acaba de completar o ensino médio e adiou a ida à universidade, onde pretende cursar fotografia, para se envolver em novos projetos.

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Nesta entrevista, ela fala sobre a personagem que a levou ao tapete vermelho no último Festival de Cannes.

Em que medida Refn difere de outros diretores com quem você já trabalhou?
Ele está sempre mudando as coisas. O roteiro não tem muito a ver com o filme. Ele é obviamente uma estrutura, mas Nicolas mexe muito e segue caminhos diferentes. Você tem liberdade para criar. Isso foi diferente para mim – e adorei. O tempo todo nós nos perguntávamos “Quem ou o quê é o ‘Demônio de Neon’?”. E a resposta surgiu em uma cena de passarela.

Então quem ou o quê é o ‘Demônio de Neon’?
Acho que sou eu! (risos) Acho que é Jesse. Não apenas ela, mas esse espírito meio doentio que contamina as pessoas obcecadas pela beleza e que é algo bastante universal. Em contos de fada, a princesa é sempre jovem, virginal e bela. Não é algo apenas físico, é uma espécie de aura de juventude que magnetiza. Acho que Jesse representa isso. Dizíamos que ela era como Dorothy em “Oz”, caso ela fosse má.

Você realmente acha que ela é má? Há outros personagens piores do que ela.
Sim, eles são. Mas acho que é Jesse quem os leva a isso. Ela é o veneno que infecta a cidade e todos em volta dela. Ela é perigosa, está ganhando poder e percebendo como usá-lo. Pensei nela como uma vampira. Você não sabe a idade dela nem o que aconteceu com seus pais. Ela simplesmente aparece ali, sozinha. Quando filmamos, percebíamos todas essas camadas. Ela é misteriosa e tóxica (risos).

Esse é um filme bastante intenso. Como Refn a fez relaxar para fazê-lo?
Ele não me relaxou em nada! (risos) Eu estava simplesmente muito animada. A verdade é que, nas filmagens, Jesse ficou ainda mais sombria do que no roteiro. Foi divertido interpretá-la assim. Eu estava muito dentro do projeto antes mesmo de ler o roteiro apenas ao ouvir que Nicolas estava fazendo um filme sobre uma adolescente – logo ele, o rei do sangue, da masculinidade e da violência. Essa combinação era muito divertida para mim – assim como atuar como um a mulher complexa como essa.

Você tem alguma experiência como modelo. Tenho certeza que o mundo da moda não é tão ruim quanto no filme.
Sim, ali é tudo muito exagerado. Mas nosso filme não é sobre moda. Ela é apenas um pano de fundo cheio de purpurina. Mas adoro moda. Comecei a atuar quando era jovem, e quando você faz filmes as pessoas pedem para você participar de sessões de foto. Eu tinha 13 anos quando fui ao meu primeiro desfile – apesar de nunca ter, de fato, desfilado. Então conheço um pouco desse mundo. Não vi nenhum dos aspectos loucos dele, apesar de saber que existem. Qualquer mundo que gira basicamente em torno da aparência é um pouco duro.

Assim como o cinema, esse é um mundo obcecado pela beleza e juventude. Como você lida com isso?
Faço parte de uma geração que convive bastante com mídias sociais, como o Instagram. Há coisas incríveis em relação a isso, mas também assustadoras. Você se compara constantemente com essas imagens paradas e fixas nas quais o que aparece não está realmente vivo. Daí você pensa: «Isso é a beleza». O tema de nosso filme é morte e beleza, e ele também fala sobre o mundo digital. Os adolescentes olham para essas fotos e pensam que aquilo é perfeição. Mas isso não existe. Quando você vê a foto de alguém com um corpo normal, que não foi retocado por Photoshop, você pensa que aquilo não é perfeito. Mas aquilo é que é o real. Já o que se vê nas fotos, não.

Certa vez Wim Wenders disse que selfies eram uma perversão da fotografia, porque faziam as pessoas olharem para dentro, e não para fora.
Mas isso é ruim? Pode ser que não seja. Há uma linha que, se cruzada, cai no narcisismo. Mas as pessoas devem se amar e pensar que são bonitas.

Veja o trailer de «Demônio de Neon»:

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