uem acompanha histórias em quadrinhos regularmente sabe que na maior parte do tempo é tudo igual novela: são páginas e páginas de enrolação e tudo se resolve no fim. Em “Injustiça – Deuses entre nós: Ano Um”, coletânea lançada recentemente pela Panini Comics, essa ideia é subvertida.
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Baseada em um game de sucesso de mesmo nome, a revista traz 416 páginas eletrizantes. Como é uma história à parte, que não influencia as demais, o roteirista Tom Taylor não tem dó alguma de matar, aleijar e colocar em guerra (com muito sangue) os principais heróis e vilões da DC Comics.
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A história gira em torno dos três principais personagens da editora: Mulher-Maravilha, Batman e Superman – mas o foco está no combate ideológico e físico entre os dois últimos. Na trama, uma “piada” elaborada pelo Coringa transforma o Superman em um criminoso.
O atentado cometido pelo então herói leva o governo a defender a restrição de super-humanos, que é apoiada por Batman. Com incentivo da Mulher-Maravilha, porém, o Superman decide ir contra a decisão e estabelece ele mesmo um governo internacional chefiado por super-heróis. Superman deixa claro: em sua ditadura, nenhum criminoso será tolerado – e isso coloca um alvo nas costas de Batman.
A trama é inspirada no jogo “Injustice”, lançado em 2013 e que se tornou um grande sucesso da DC. O jogo é simples: todos lutam contra todos em uma clara inspiração em games como “Mortal Kombat” e “Street Fighter”. O jogo, porém, serve apenas de base sutil para a HQ, tendo em vista que alguns dos personagens jogáveis morrem já no princípio da trama nos quadrinhos.
Sem dar spoilers, o volume reúne 36 capítulos da história – que foram publicadas no Brasil em cinco volumes desde abril de 2014 – e em praticamente cada um dos capítulos um dos protagonistas da trama morre ou entra na guerra. A trama é tão maluca que em um dado momento Lex Luthor e o Homem de Aço se tornam melhores amigos.
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Uma boa introdução
Mesmo quem não conhece muito das subtramas de cada um dos personagens, principalmente os mais desconhecidos, como o divertido Lobo e o místico Shazam, não se sentirá perdido. O texto toma o cuidado de apresentar todos os personagens de maneira sucinta ao introduzi-los na história – e no meio da matança, são muitos os personagens que participam do roteiro.
Um ponto falho da história, porém, é que nessa ânsia de mostrar quais são os lados de cada personagem na guerra, alguns são introduzidos de maneira forçada, como o corredor Flash, que passa por uma crise existencial que não leva a lugar nenhum. Alguns relacionamentos românticos entre os heróis também têm uma aparência exagerada, como o repentino amor arrebatador da Mulher-Maravilha pelo Superman.
Os ilustradores conhecem bem adaptações. Jheremy Raapack levou “Resident Evil” aos quadrinhos e Mike S. Miller trabalhou com a criação de “Game of Thrones”. Ambos fazem um serviço primoroso no começo da história, mas descuidam a mão conforme a trama evolui, o que, no entanto, não tira o brilho de algumas imagens icônicas da história: e enumerá-las seria dar um spoiler atrás do outro. Basta citar o embate épico entre os dois heróis ao fim da coletânea.
“Injustiça – Deuses entre nós: Ano Um” reúne um arco completo de história, mas não finaliza a trama. Nos EUA, o combate entre Superman e Batman já está em seu quinto ano. A Panini, porém, já manifestou a intenção de dar continuidade aos lançamentos.
Os interessados em acompanhar a guerra entre heróis e vilões, porém, têm de preparar o bolso. Embora a capa dura e o papel couchê sirvam como atrativo a mais para as ilustrações e para a trama, o volume chega às bancas e livrarias por R$ 99. Vale a pena pesquisar, porém, já que algumas lojas estão fazendo promoções por até R$ 74. Seja qual for o preço que o fã encontrar, vale pagar para ter o volume na estante.
