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Em ‘Trago Comigo’, Tata Amaral reabre traumas da ditadura para superá-los

Comentários publicados na página do filme “Trago Comigo”, no Facebook, ajudam a diretora Tata Amaral a justificar a pertinência da produção, que estreia nesta quinta-feira (15).

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Nela, um diretor de longa carreira (Carlos Alberto Ricelli) decide montar uma peça na qual reconta seus dias como guerrilheiro durante a ditadura militar brasileira. Por meio da arte, ele consegue acessar, enfim, memórias enterradas pelos traumas sofridos durante o período para, enfim, poder superá-los.

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“Hoje tem gente criminalizando uma pessoa como ele. Os comentários na página do filme são assustadores”, afirma a cineasta, referindo-se a um discurso crescente que pede a volta do regime militar.

“Trago Comigo” é fruto da remontagem, em forma de filme, de uma minissérie homônima veiculada pela TV Cultura em 2009. No mesmo período em que preparava a produção, Tata gravava “Hoje” (2011), premiado filme com Denise Fraga que lida com o mesmo tema a partir de uma mulher que compra um apartamento com a indenização pela morte de seu parceiro durante o período.

“Eu queria, sim, criar uma expressão dramatúrgica para essa relação de esquecimento que a gente tem. Nosso maior trauma é a ditadura, por que a gente não fala sobre isso? Botar na roda é o primeiro passo pra cura”, diz.

O novo filme é entrecortado por depoimentos reais de presos e torturados políticos. “Fiquei chocada como aquelas pessoas tinham memórias muito vivas de tudo. Precisava trazer essas falas para dentro da dramaturgia”, afirma Tata.

Dar voz a essas histórias é um dos objetivos da diretora, que utiliza o lançamento do filme para encampar uma campanha no Facebook estimulando pessoas a compartilharem suas vivências por meio da hashtag #TragoComigoUmaLembrança.

“A ideia é que as pessoas comecem a postar. Temos que falar e refletir por que a sociedade brasileira ainda aceita a tortura”, afirma a diretora, que está postando a cada hora, na rede social, vídeos em que pessoas interpretam depoimentos sobre a ditadura.

Com isso, Tata dá o troco nos haters do “Tribunal do Facebook” ao transformá-lo em um fórum necessário. “Essa é  uma ferramenta para ampliar a discussão”, conclui.

Veja o trailer do filme:

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