Os filmes de realidade virtual estão decolando no Festival Internacional de Cinema de Cannes deste ano, ao lado de produções mais tradicionais. Um pavilhão foi dedicado à tecnologia de imersão com a exibição de filmes de realidade virtual e discussões, parte das sessões do evento paralelo Marché du Film.
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Entre aqueles que levaram amostras dessa nova faceta do cinema – todas curtas-metragens para os quais os espectadores precisam usar um espécie de capacete – está o co-diretor da animação «Madagascar», Eric Darnell. O curta de Darnell, de seis minutos e com título «Invasion!», conta a história de um mundo mítico invadido por alienígenas que em seguida são vencidos por um coelho.
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«Não é só uma extensão do cinema, é algo em si mesmo, e temos que descobrir muitas coisas sobre quais são as ferramentas à nossa disposição», disse Darnell à Reuters. «Na realidade, é uma linguagem totalmente nova.»
Outro exemplo de filme de realidade virtual exibido em Cannes é «Giant», cuja diretora, Milica Zec, diz que a experiência de imersão significa que as plateias podem escolher para onde olham e o que veem.
«Você tem que pensar que agora tem 360 graus para cobrir», contou ela. «Quando você tem um filme padrão, a tela está diante de você, mas aqui parece que você está dentro da tela como espectador.»
Zec e Darnell concordam que a tecnologia ainda tem muito o que evoluir, mas que os filmes de realidade virtual um dia serão a norma.
Nem todos, porém, são fãs da novidade. O diretor Steven Spielberg disse que esses filmes irão «se impor de maneira profunda», mas que se trata de «uma mídia perigosa».
«A única razão de eu dizer que é perigosa é que ela dá ao espectador muita latitude para não ser guiado pelos roteiristas, mas para escolher eles mesmos para onde olhar», opinou ele em uma entrevista.
«Só espero que a tecnologia não esqueça da história quando começar a nos envolver em um mundo que podemos ver ao nosso redor e no qual podemos decidir o que olhar.»
Mais um sinal de que Cannes está aberta a novidades este ano foi ter dado espaço a gigantes de exibição de filmes pela Internet, o que permitiu a estreia da Amazon. O evento começou com «Café Society», de Woody Allen, um dos cinco filmes selecionados da Amazon.