“A literatura contemporânea reflete o apagamento da fronteira entre ficção e realidade. Antes, a modernidade considerava esta arte como resultado da imaginação e os fatos como realidade. Svetlana compreende que a verdade do que ocorreu não está na reconstituição histórica dos fatos, uma vez que é impossível apreender a realidade em todas as suas dimensões. A autora opta em se aproximar do tema através da memória dos sobreviventes”, explica Sônia Branco, tradutora da obra.
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O acidente, que aconteceu em 26 de abril de 1986, teve graves consequências ambientais e sociais. Para remontar o episódio, a escritora busca explorar a estrutura do governo soviético, que já estava em seu ocaso quando a explosão se desencadeou no território que hoje é ucraniano.
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“As revelações presentes no livro nos deixam aturdidos diante da nossa capacidade de gerar tamanha monstruosidade. Embora exista hoje certa consciência da necessidade de se substituir as fontes de energia por algo renovável, e algumas políticas públicas nesse sentido, sabemos que estas são implementadas com grande dificuldade, que são alvo de muita oposição por parte dos setores mais conservadores da sociedade”, diz a tradutora.
Svetlana Aleksiévich é uma das atrações da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano, que começa em junho.